sábado, 17 de março de 2012

RETRATO DE UM FIM DE TARDE


Mercêdes Pordeus
Recife/Brasil

Eu senti a necessidade de me encontrar com a solidão
Não uma solidão que me conduzisse a tristeza, isso não.
Mas, uma forma de meditar como conduzia minha vida.
Eu estava introspectiva, fixei meu olhar sem pretensões.
Divaguei num ponto, no qual apenas a natureza me guiava.

Era como se me deixasse retratar numa obra de arte
Onde só o artista me fitava docilmente e pincelava
Transcendendo a linha daquela linda paisagem física
Que só alguém com muita sensibilidade transformava
Alguém que traduz com a singeleza das mãos... a vida.

Era o crepúsculo, o sol já tão pertinho do horizonte!
Inspirava o pintor como a relação entre poeta e poesia
Era uma linda mistura do azul do dia e o escuro da noite
Os matizes formavam lindos nuances num belo contraste
Eram cores suaves que se misturavam com a paisagem.

O verde, o azul, o amarelo, as montanhas pareciam magias.
Transportei-me como uma pluma no ar, com doce maestria.
Acordei... E não queria acordar! Mas enfim daquele momento...
Sobrou algo que nunca pude esquecer, vi naquela tela o talento.
De quem tem nas mãos o dom de fazer a linda poesia colorida.

Transformando em obra de arte meu desejo de fim de tarde.

Em 23/10/2007
(especial para as Letras da Pintura, quadro "Fim de Tarde no JD de
Maguetas" de Washington Maguetas)


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