quinta-feira, 27 de setembro de 2007

PARA UM BEIJA-FLOR












PARA UM BEIJA-FLOR
Mercêdes Pordeus
Recife/Brasil

Seu vôo ágil e com imensurável velocidade
Expressando do pequenino sua habilidade
Coloridos adversos exibe sua coreografia
Beija-flor pequenino alado, em sua alegoria.

Seu exibicionismo demonstra sua graciosidade
Minúsculo corpo bailando com excentricidade
Numa sutileza que até parece pairar no ar
Outras vezes com destreza a nos encantar.

Polinizador, nesse belo bailar de flor em flor
Penetra seu fino bico e lhes rouba todo o rubor
Extrapolando os limites e sem nenhum pudor
Transporta o pólen, tornando-se multiplicador.

Sua pequenez, linda criança
Não se opõe a sua grandeza
Se é pequeno em seu tamanho
Grande é no ápice da singeleza.


31/09/2007

terça-feira, 25 de setembro de 2007

A CRIANÇA E SEUS DIREITOS VIOLADOS



 Mercêdes Pordeus
Recife/Brasil

Denominam-te de criança esperança
Em tuas mãos depositam a confiança,
Para um mundo melhor construíres
No entanto, esquecem de te fazer criança.

Criança que brinca, estuda, se alimenta e sorri
E que nessa esperança ao vil mundo se lança,
Pedem que a ti não se deem esmolas
Que te seja dada cidadania. Qual cidadania?

Porém a própria sociedade torna teu direito utopia
Cada dia mais longe estás, criança, vivendo uma alegoria
Em teus olhos permanece sim, a dura melancolia
De te lançares ao mundo em busca do prometido no dia a dia.

Ver-te dormir embaixo de pontes, viadutos, nas calçadas
Como te negar uma esmola, à espera que te concedam cidadania?
Saciar-te a fome é preciso, necessidade imediata.
Que fizeram dos teus estatutos, criança abandonada?

Ver-te jogada ao léu, acompanhar o descaso aos teus atributos
Oh! Deus Onipotente, Onipresente e Onisciente!
Vela por essas crianças, nas suas vidas faz-te presente
Na atual conjuntura, são pessoas inocentes e carentes.

Nós, como pais que a nossos filhos podemos educar
Comprar-lhes presentes e nesse dia comemorar,
Supliquemos ao Senhor: Velai por nossos filhos
Velai e protegei também aqueles pequeninos.

Jogadas ao relento, crianças violentadas desde cedo
Moral e fisicamente ao tentarem a sobrevivência
Quando na busca por  um trocado ou uma bala
Ou mesmo no intento de limpar um pára-brisas.

Sociedade ainda vil e má que mesmo assim
Quer levar vantagem sobre elas,
Deus, continua protegendo nossos filhos
Mas, olhai principalmente por estes pequeninos.


10/10/2004

Publicado em:- 1ª Antologia Literária do Grupo Ecos da Poesia “O FUTURO FEITO PRESENTE, (2005) 27 autores, 4 países, apoio do Jornal Mundo Lusíada e Casa de Portugal em S.Paulo. ISBN 85-9051170-1-2

ABOLIDA FOI A ESCRAVATURA

ABOLIDA FOI A ESCRAVATURA
Mercedes Pordeus
Recife/PE

Trouxeram-te de teu país...tão distante!
Para aqui sofreres a dor da escravidão.
Lutaste muito, e sofreste mal tratos.
Ajudaste a construir este nosso país.
Trabalhastes, sentiste a dor do flagelo,
porque sonhaste com a tal liberdade.

Paulatinamente, ela ia se aproximando
Primeiro teus filhos, Lei do Ventre Livre.
Depois aqueles que tinham mais idade.
Mais uma lei, a Lei dos Sexagenários .
Assim teu povo foi vivendo a esperança:
Um dia alcançar sonhada liberdade.

Mas, que é verdadeiramente liberdade?
Seria viver nesse mundo discriminatório?
Sofrer na pele herança do racismo?
Ou ainda melhor, sofrer na cor da pele?
O fato é que foste liberto, e que fazer?
Não te ensinaram a lá fora tua vida viver.

Jogado numa sociedade preconceituosa.
Sem chances... sem uma oportunidade.
Esse seria o legado que tinhas desejado
para herança de teus filhos? De um povo?
De certo, não foi isso que tinhas pensado.
Mas, na verdade isso é que te foi oferecido.


13 de maio de 1888 ou de 2005...
O que mudou na verdade em relação
a tua raça nesse país? Quem sabe...
em outros também. Alhures serás
sempre uma mancha na sociedade?
Esquecem-se de que somos irmãos.


Os teus ecos doloridos ressoaram
ao longe. Alguém veio te socorrer.
Uma princesa te libertou...Lei Áurea.
E agora? Que vais fazer? Éstás livre!
Séculos passaram e trazes a marca.
Herança que de certo não desejavas.

Igualdade! Somos todos irmãos.
Filhos do mesmo Deus, Criador.
Miscigenação das raças, tradições.
Contribuição de um povo na dança,
alimentação, e em toda uma cultura.
És parte da nossa história, gerações.

Estás em nossas vitórias e glórias
Serás sempre parte nossa história
Com orgulho e raça a escreveste
Riste, choraste, gritaste no tronco.
A tua dor sentida além da senzala
Venceste as batalhas, e a guerra?
O teu sonho ainda não acabou!

13.05.2005

- Publicado:
2ª Antologia Literária Internacional do Grupo Ecos da Poesia " DOIS POVOS UM DESTINO" (2006) - ISBN 85-905170-5-5.

MULHERES QUE ESCREVEM

MULHERES QUE ESCREVEM
Mercêdes Pordeus
Recife/Brasil

Mulheres que escrevem... Com a alma
Expõem seus anseios e sentem a calma
Por terem evadido delas tantos traumas
E com o tempo restauram suas alegrias.

Mulheres que escrevem... Com o coração
Liberando então limpidamente a comoção
Elevam-se em desejos, ânsias e solidões
Traduzindo em vivência as suas emoções.

Mulheres que escrevem... Com a mente
O que às vezes os corações desmentem
Outras revelam uma emoção diferente.
Daquelas que, na realidade elas sentem.

Mulheres que escrevem... Com o olhar
E por ele às vezes se deixam acompanhar
Olhares de alegria, tristezas tentam captar.
Daquilo que as cerca tentando lhes ameaçar.

Mulheres que escrevem... Suas histórias
Tantos momentos de muitas lutas inglórias
Mas outras vezes persistem nas memórias
Experiências transformando-as em glórias.

Mulheres que escrevem... Na opressão
Sentem na pele a dor da discriminação
E ainda assim transtornadas pela aflição
Tiram delas para suas vidas uma útil lição.

Mulheres que escrevem... Com a lua
Tirando-lhe um pouco de sua luminosidade
Escrevem na história, a realidade nua e crua
Reafirmando constantemente suas identidades.

Mulheres que escrevem... Com as estrelas
Tecendo com seus brilhos as suas defesas
E com o encantamento pela sua singeleza
Transformam as suas vidas numa fortaleza.

Mulheres que escrevem... Com sabedoria
Apesar de alimentarem suas fantasias
Como uma mistura de magia e utopia
E mesmo na realidade vivem a alegoria.

Mulheres que escrevem... Com pena de ouro
Verdadeiras tecelãs dos mais belos tesouros
Conseguem transformar na mais fina renda
O legado que aos seus passará como prenda

Mulheres que escrevem... Com autenticidade
O que lhes chega à inspiração... A Felicidade!
Transportam para o papel a responsabilidade
Que lhe impõem, mesmo com sua fragilidade.

Mulheres que escrevem... Com suas vidas
Através das inúmeras experiências vividas
Ainda que com todas as decepções sofridas
Transcendem o entendimento de suas lidas.

Mulheres que escrevem... Com as mãos
As mesmas mãos que afagam os irmãos
Que ora sofrem por viverem na solidão
Outras vezes, por faltar na mesa o pão.

http://www.ecosdapoesia.net/agoraeparasempre/mercedes/mulheres_que_escrevem.htm


Classificação na 3ª Edição do Concurso Literário Internacional MULHERES QUE ESCREVEM, Antologia MULHERES EM PROSA E VERSO nº 3, pela HOJE EDIÇÕES.
Casca/RS-Brasil.
ISBN 978-85-99301-08-1

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

EU QUIS


EU QUIS
Mercêdes Pordeus
Recife/Brasil

Eu quis lhe fazer um verso
Que não fosse complexo
Porém, que tivesse nexo.
E fosse acolhido com amplexo.

Eu quis lhe fazer uma poesia
Que não soasse como fantasia,
Que obedecesse a uma simetria
Culminando com bela harmonia.

Quis transformar a poesia em canção,
Pairando no ar, como uma oração.
Que lhe provocasse uma comoção
Despertando o amor em seu coração.

Eu quis ser aquele beija-flor,
Você o vê, bailando com fulgor?
Naquela varanda, vê aquela flor?
Recebe do sol a luz e o calor!

Eu queria ser semelhante a ela
Rodeada por aquele dançarino
Num jogo de sedução na janela.
Roubando-me o néctar, o pequenino.

Criei um verso,
Compus uma poesia,
Transformei-a em canção,
E conquistei o seu coração.

21/09/2006

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

AS DORES DA ESCRAVIDÃO



Mercêdes Pordeus
Recife/Brasil

Eles vieram de tão longe, traziam consigo o medo,
As incertezas eram suas companheiras desde cedo.
Traziam o sofrimento antecipado dos seus receios
E as dores dos açoites, que já sentiam nos navios.

Mal chegavam, já eram analisados como animais,
Vendidos como meras mercadorias, artigos banais.
Trabalhavam duro e sofriam o peso da escravidão,
A cada chicotada e a cada açoite, a dor da solidão.

A cada ano as esperanças da liberdade se dissipavam,
Os seus filhos nasciam e naquele regime continuavam.
Enquanto os mais velhos as dores do flagelo sofriam,
Os ecos da noite nos traziam os sons dos que gemiam.

Ao longe era refletida desses ecos a repercussão
E o reflexo do som trazia a forte dor da servidão.
Pelo negro, no nosso país, através da escravidão
De terras longínquas a saudade do seu natal torrão.

Mais navios negreiros que aportavam e a história se repetia
Movimentos no Brasil a escravidão, aos poucos, se extinguia.
Castro Alves o poeta abolicionista que os seus ideais escrevia,
Vozes da África, Navio Negreiro, Os Escravos, primeira poesia.

O poeta abolicionista marcou época com sua primeira poesia
Mais um nordestino que com força e garra, nascido na Bahia,
Seus estudos de Direito na Faculdade de Recife realizaria
E o seu grande apogeu no Rio de Janeiro, ele consolidaria.

Vinte anos se passaram após a morte do grande Poeta
Para se realizar seu almejado sonho, seu grito de alerta,
Decretada extinta a escravidão e o grande Brasil desperta
Na Lei Áurea está implícita a nobreza da alma do poeta.

26.12.2005

 

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

FOFOCA


FOFOCA
Mercêdes Pordeus
A fofoca é um mal que muitos males traz.
Uma vez espalhada, jamais ela volta atrás.
É preciso cuidado ter, para nela não se meter.
Cautela! para por causa dela não se arrepender.


16/06/05