quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

PEQUENOS GESTOS...GRANDES SENTIMENTOS.

PEQUENOS GESTOS... GRANDES SENTIMENTOS
Mercêdes Pordeus
Recife/Brasil

Um desejo de bom dia
Rompe o silêncio absoluto
Dá ao semelhante a garantia
De desarmar o interno luto.

Um abraço... Reedita uma história
Transforma uma vida simplória
Dela varre a parte vivida inglória
Para que na solidariedade alcance vitória.

Um toque... Rompe as barreiras
Abre entre os povos as fronteiras
Deixa a paz reinar na vida inteira
Transformando-a em boa sementeira.

Um gesto de carinho... Um afago
Tira do semelhante o gosto amargo
Que a vida possa ter-lhe imposto
Ao seu longo através do desgosto.

Um gesto de bondade... E ternura
Apaga de uma vida um triste cenário
Acorda o irmão com brandura
E torna o mundo mais igualitário.

Pequenos gestos que nos aproximam
Minimizam da vida o sofrimento
Afastam atitudes que nos aniquilam
E desabrocham grandes sentimentos.

Em 02/10/2007

sábado, 3 de novembro de 2007

SENHOR! DIANTE DE TI...


SENHOR! DIANTE DE TI...

Mercêdes Pordeus
Recife/Brasil

Senhor! Diante do Teu poder...
Humildemente me ajoelho e me rendo
Sinto-me impotente e me compreendo
Eu O recebo e Te sinto sempre presente.

Senhor! Diante de Tua grandeza...
Sendo Tua criatura, sinto-me pequena.
O mundo me deste com maior beleza
Dele sou parte, fizeste-me valer a pena.

Senhor! Diante da Tua presença...
Sinto-me forte, pois me fortaleceste.
Quando sobre mim puseste as mãos
E fizeste que Tua luz resplandecesse.

Senhor! Diante da Tua luz...
Saí fortalecida da batalha interior
Serei forte? Serei fraca? Serei inferior?
Mostra-me com clareza o meu valor.

Senhor! Diante do Teu amor...
Desse amor que de Ti emana com fulgor
Dele recebo a claridade que se irradia
Permanecei em mim como a parousia.

07/07/2007

O CORAÇÃO QUE TE DEDICO

O CORAÇÃO QUE TE DEDICO
Mercêdes Pordeus
Recife/Brasil

O coração que te dedico não é puro
Hás de compreender da vida os apuros
Mas, é sempre um aprendiz, eu te juro.
Para que não se deixe pulsar no obscuro.

O coração que te dedico não guarda segredo
Aprendeu a transformar a dor em brinquedo
Com as dores já começou a lidar muito cedo
Por isso, acostumou-se a banir de si o medo.

O coração que te dedico é o coração que te ama
Com a sua grandeza ele mantém acesa a chama
E quando pulsa é porque esse amor proclama
Se não for atendido, com docilidade reclama.

O coração que te dedico não é covarde
Obedece a uma chama interna que arde
Por vezes ele acelera provocando alarde
Ao se acalmar, a tranqüilidade lhe invade.

O coração que te dedico é constante
Não oscila sem ritmo a todo instante
Mesmo ele sabendo que estás distante
Ainda assim sente que estás presente

O coração que te dedico é humano
Ele não guarda rancor nem engano
Compadece-se do irmão em abandono
Na sua dor se irmana com retorno

É esse o coração que te dedico verdadeiramente
Se o aceitares nos transformaremos lentamente
E com o seu palpitar viveremos intensamente
Com ele morreremos, porém metaforicamente.

Em 19/07/2007

terça-feira, 2 de outubro de 2007

DÊ PASSAGEM A SABEDORIA

DÊ PASSAGEM A SABEDORIA
Mercêdes Pordeus


Às vezes existem situações que nos incomodam. Ficamos a observar os acontecimentos e analisar como mudou a sociedade, a inversão de valores.Digo isto porque gosto sempre de observar determinadas situações que acontecem nos coletivos, descasos nos hospitais, como outras incontáveis. Este prólogo, faz-me reportar ao último dia vinte e sete de setembro, o consagrado DIA DO ANCIÃO, DIA DO IDOSO.Neste dia foi realizada a Campanha : DÊ PASSAGEM A SABEDORIA, eram as faixas que líamos na frente dos transportes coletivos da cidade. Ao entrar um senhor já com seus mais de setenta anos, cedi-lhe o lugar, ele me pediu a bolsa para segurar e começou então a conversar. Este senhor tinha vindo às cinco da manhã para uma consulta que tinha sido marcada para o dia vinte e seis, portanto, dia anterior. Naquele dia e mesma hora saíra de casa sozinho, não tinha companhia. E chegando ao hospital público a atendente lhe dissera que sua consulta teria sido marcada para o dia seguinte. Voltou o velhinho para casa e retornou no Dia do Ancião, e num descaso, a enfermeira falou que a consulta dele tinha passado, tinha sido no dia anterior. E remarcou para o dia trinta. Custa a acreditar que ainda hoje haja tanto descaso e desrespeito pelo idoso.Perguntei-lhe então: - E o senhor ficou calado, não disse nada? Ele me respondeu com uma indagação : - Dizer o que minha filha? Disse para ele tomar consciência dos seus direitos e procurar um superior naquele hospital. Este pobre senhor descrevia sua arte de fazer cortinas artesanais e tentar ensinar aos jovens da Comunidade e exportava para a Suiça, através de uma filha que casara e mora lá com o marido.Nesse intento pediu ajuda a um político para quem já trabalhara como cabo eleitoral durante quatro eleições. Tudo que ele queria era levantar as peredes e cobrir, pois o terreno já tinha conseguido...esforço em vão. Tenho observado também jovens que se assentam nas cadeiras do ônibus reservados aos idosos e fingem dormir, enquanto eles entram e ficam de pé.Situações comportamentais como estas e outras em que os idosos são desrespeitados tornaram-se uma constante, e é muito triste presenciarmos. Pessoas que já contribuiram para o bem comum social, trabalharam e no final da vida não possuem um teto para morar, uma assistência hospitalar digna, sem subsídios para adquirir medicamentos, na época em que mais se faz necessário, pois é quando necessariamente precisam de medicamentos de uso contínuo. Não tem sequer o que comer. E eu me pergunto o que será dos idosos do futuro?
Deixo como reflexão este poema:


HOJE SOU IDOSO, MAS TAMBÉM JÁ FUI JOVEM.
Mercêdes Pordeus

Dê passagem a experiência...
Sinta como pode enriquecer seu viver.
Evite, de como nós, no seu futuro sofrer.
O peso das dores que já sentimos por você.

Dê passagem a sabedoria...
Sabedoria duramente adquirida ao longo da vida.
Lembra das experiências? Elas nos fizeram saber
Saber de que nada daquilo queríamos para você.

Você nos olha e não nos vê?
Não vê nossas rugas? Cada uma é uma resposta.
Resposta refletida pela gama daquelas experiências.
Faça que olha! Não finja que não nos está percebendo.

Você é jovem, não usufrua dos direitos dos idosos.
Não finja dormir, enquanto estou de pé ao seu lado.
Não vê as legendas, assentos preferencias para idosos?
Não sabe que existem assentos especiais para nós?

Lembre-se que você pode ser um de nós amanhã...
Depois, com o avançar da idade poderá entender,
que não queríamos que as marcas do tempo em seu rosto,
fossem tão profundas, como as que nos nossos carregamos.

Por que a sociedade, as autoridades sempre nos esquecem?
Deixam-nos jogados ao léu, em filas e corredores dos hospitais.
Nós também contribuimos para o desenvolvimento da sociedade.
Se trabalhamos na cidade ou no campo, que diferença pode fazer?

Não é a própria sociedade que grita ser todo trabalho valoroso?
Se trabalhamos nos campos colocamos o pão na mesa dos seus pais.
Nem por isso, nosso labutar deixou de ser menos dignificante.
Cultivamos e aramos a terra com tanto carinho que tudo floresceu.

Dê passagem a quem lhe pede carinho...
Seja seu avô, seu pai, quaisquer idosos, um mendigo, que precisa de pão...
mas tem uma necessidade muito maior de um afago,
uma palavra, uma atitude de carinho e de amor.

Lembre-se : no futuro vai colher aquilo que você semeou.
Desejamos que seja feliz e receba de nossas mãos um legado,
a experiência, resultado de muito sofrimento, muitas dores,
pelas quais você não precisa passar, fale conosco e aprenderá.

Mercêdes Pordeus
Em 24.out.2005

Brasil-Adital/Direito.Net - No dia 1º de outubro, quando se comemora o Dia Internacional do Idoso, segundo o calendário de celebrações especiais das Nações Unidas, a população acima dos 60 anos já pode contar com um estatuto próprio aprovado pelo Senado Federal que regulamenta a proteção para as pessoas nesta faixa etária. A proposta deve ser assinada pelo presidente Luis Inácio Lula da Silva ainda esta semana. Há mais de seis anos que entidades, Ongs, asilos, institutos e casas de Idosos vinham reivindicando um Estatuto que pudesse garantir e efetivar o direito de, aproximadamente, 15 milhões de brasileiros. Dentre alguns pontos o estatuto assegura: desconto de, pelo menos, 50% nas atividades culturais, de lazer e esportivas; que a idade para requerer o benefício de um salário mínimo estipulado pela Lei Orgânica da Assistência Social passa de 67 para 65; prioridade na tramitação dos processos e procedimentos judiciais nos quais pessoas acima de 60 figurem como intervenientes, entre outras. O Estatuto atinge ainda os meios de comunicação. De acordo com ele, todos os meios deverão manter espaços ou horários especiais voltados para o público idoso. Os programas deverão ter conteúdos educativos, informativos, artísticos e culturais com ênfase no processo do envelhecimento. Um outro ponto importante diz respeito aos transportes. Tanto os ônibus intermunicipais como interestaduais deverão ter reservados duas vagas gratuitas, por veículo, para idosos com renda igual ou inferior a dois salários mínimos. Caso os lugares destinados aos idosos que possuam esta mesma renda estiverem preenchidos, eles terão direito a pagar 50% do valor da passagem. O texto do estatuto prevê penas severas para quem não cumpri-lo. Deixar de prestar assistência a idoso sem justificativa plausível implicaria em detenção de seis meses a um ano; abandoná-los em hospitais ou casas de saúde, a pena vai de seis meses a três anos de detenção. Também será penalizado que exibir, em qualquer meio de comunicação, informação ou imagens depreciativas ou injuriosas de pessoas acima dos 60. A pena será de um a três anos de reclusão. No caso de homicídio culposo, a pena será de um terço a mais se a vítima tiver mais de 60 anos de idade. Nesse mesmo sentido, é agravada a pena para o abandono dos idosos que estejam sob a guarda, cuidado ou vigilância de autoridades. O projeto foi do deputado Paulo Paim e foi aprovado por unanimidade no Senado Federal. Os artigos dispõem sobre cultura, lazer, vida familiar, assistencialismo, saúde, direito, alimentação, trabalho, entre outros. Segundo os últimos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, nos próximos 20 anos, a população idosa do Brasil poderá ultrapassar os 30 milhões de pessoas - o que representará 13% da população.
Fonte : http://www.adital.com.br

"Agora que a velhice começa preciso aprender com o vinho a melhorarenvelhecendo e sobretudo a escapar do perigo terrível de, envelhecendo, virar vinagre". (D. Helder Câmara)


http://www.caestamosnos.org/edicoesespeciais/De_Passagem_a_Sabedoria.html

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

PARA UM BEIJA-FLOR












PARA UM BEIJA-FLOR
Mercêdes Pordeus
Recife/Brasil

Seu vôo ágil e com imensurável velocidade
Expressando do pequenino sua habilidade
Coloridos adversos exibe sua coreografia
Beija-flor pequenino alado, em sua alegoria.

Seu exibicionismo demonstra sua graciosidade
Minúsculo corpo bailando com excentricidade
Numa sutileza que até parece pairar no ar
Outras vezes com destreza a nos encantar.

Polinizador, nesse belo bailar de flor em flor
Penetra seu fino bico e lhes rouba todo o rubor
Extrapolando os limites e sem nenhum pudor
Transporta o pólen, tornando-se multiplicador.

Sua pequenez, linda criança
Não se opõe a sua grandeza
Se é pequeno em seu tamanho
Grande é no ápice da singeleza.


31/09/2007

terça-feira, 25 de setembro de 2007

A CRIANÇA E SEUS DIREITOS VIOLADOS



 Mercêdes Pordeus
Recife/Brasil

Denominam-te de criança esperança
Em tuas mãos depositam a confiança,
Para um mundo melhor construíres
No entanto, esquecem de te fazer criança.

Criança que brinca, estuda, se alimenta e sorri
E que nessa esperança ao vil mundo se lança,
Pedem que a ti não se deem esmolas
Que te seja dada cidadania. Qual cidadania?

Porém a própria sociedade torna teu direito utopia
Cada dia mais longe estás, criança, vivendo uma alegoria
Em teus olhos permanece sim, a dura melancolia
De te lançares ao mundo em busca do prometido no dia a dia.

Ver-te dormir embaixo de pontes, viadutos, nas calçadas
Como te negar uma esmola, à espera que te concedam cidadania?
Saciar-te a fome é preciso, necessidade imediata.
Que fizeram dos teus estatutos, criança abandonada?

Ver-te jogada ao léu, acompanhar o descaso aos teus atributos
Oh! Deus Onipotente, Onipresente e Onisciente!
Vela por essas crianças, nas suas vidas faz-te presente
Na atual conjuntura, são pessoas inocentes e carentes.

Nós, como pais que a nossos filhos podemos educar
Comprar-lhes presentes e nesse dia comemorar,
Supliquemos ao Senhor: Velai por nossos filhos
Velai e protegei também aqueles pequeninos.

Jogadas ao relento, crianças violentadas desde cedo
Moral e fisicamente ao tentarem a sobrevivência
Quando na busca por  um trocado ou uma bala
Ou mesmo no intento de limpar um pára-brisas.

Sociedade ainda vil e má que mesmo assim
Quer levar vantagem sobre elas,
Deus, continua protegendo nossos filhos
Mas, olhai principalmente por estes pequeninos.


10/10/2004

Publicado em:- 1ª Antologia Literária do Grupo Ecos da Poesia “O FUTURO FEITO PRESENTE, (2005) 27 autores, 4 países, apoio do Jornal Mundo Lusíada e Casa de Portugal em S.Paulo. ISBN 85-9051170-1-2

ABOLIDA FOI A ESCRAVATURA

ABOLIDA FOI A ESCRAVATURA
Mercedes Pordeus
Recife/PE

Trouxeram-te de teu país...tão distante!
Para aqui sofreres a dor da escravidão.
Lutaste muito, e sofreste mal tratos.
Ajudaste a construir este nosso país.
Trabalhastes, sentiste a dor do flagelo,
porque sonhaste com a tal liberdade.

Paulatinamente, ela ia se aproximando
Primeiro teus filhos, Lei do Ventre Livre.
Depois aqueles que tinham mais idade.
Mais uma lei, a Lei dos Sexagenários .
Assim teu povo foi vivendo a esperança:
Um dia alcançar sonhada liberdade.

Mas, que é verdadeiramente liberdade?
Seria viver nesse mundo discriminatório?
Sofrer na pele herança do racismo?
Ou ainda melhor, sofrer na cor da pele?
O fato é que foste liberto, e que fazer?
Não te ensinaram a lá fora tua vida viver.

Jogado numa sociedade preconceituosa.
Sem chances... sem uma oportunidade.
Esse seria o legado que tinhas desejado
para herança de teus filhos? De um povo?
De certo, não foi isso que tinhas pensado.
Mas, na verdade isso é que te foi oferecido.


13 de maio de 1888 ou de 2005...
O que mudou na verdade em relação
a tua raça nesse país? Quem sabe...
em outros também. Alhures serás
sempre uma mancha na sociedade?
Esquecem-se de que somos irmãos.


Os teus ecos doloridos ressoaram
ao longe. Alguém veio te socorrer.
Uma princesa te libertou...Lei Áurea.
E agora? Que vais fazer? Éstás livre!
Séculos passaram e trazes a marca.
Herança que de certo não desejavas.

Igualdade! Somos todos irmãos.
Filhos do mesmo Deus, Criador.
Miscigenação das raças, tradições.
Contribuição de um povo na dança,
alimentação, e em toda uma cultura.
És parte da nossa história, gerações.

Estás em nossas vitórias e glórias
Serás sempre parte nossa história
Com orgulho e raça a escreveste
Riste, choraste, gritaste no tronco.
A tua dor sentida além da senzala
Venceste as batalhas, e a guerra?
O teu sonho ainda não acabou!

13.05.2005

- Publicado:
2ª Antologia Literária Internacional do Grupo Ecos da Poesia " DOIS POVOS UM DESTINO" (2006) - ISBN 85-905170-5-5.

MULHERES QUE ESCREVEM

MULHERES QUE ESCREVEM
Mercêdes Pordeus
Recife/Brasil

Mulheres que escrevem... Com a alma
Expõem seus anseios e sentem a calma
Por terem evadido delas tantos traumas
E com o tempo restauram suas alegrias.

Mulheres que escrevem... Com o coração
Liberando então limpidamente a comoção
Elevam-se em desejos, ânsias e solidões
Traduzindo em vivência as suas emoções.

Mulheres que escrevem... Com a mente
O que às vezes os corações desmentem
Outras revelam uma emoção diferente.
Daquelas que, na realidade elas sentem.

Mulheres que escrevem... Com o olhar
E por ele às vezes se deixam acompanhar
Olhares de alegria, tristezas tentam captar.
Daquilo que as cerca tentando lhes ameaçar.

Mulheres que escrevem... Suas histórias
Tantos momentos de muitas lutas inglórias
Mas outras vezes persistem nas memórias
Experiências transformando-as em glórias.

Mulheres que escrevem... Na opressão
Sentem na pele a dor da discriminação
E ainda assim transtornadas pela aflição
Tiram delas para suas vidas uma útil lição.

Mulheres que escrevem... Com a lua
Tirando-lhe um pouco de sua luminosidade
Escrevem na história, a realidade nua e crua
Reafirmando constantemente suas identidades.

Mulheres que escrevem... Com as estrelas
Tecendo com seus brilhos as suas defesas
E com o encantamento pela sua singeleza
Transformam as suas vidas numa fortaleza.

Mulheres que escrevem... Com sabedoria
Apesar de alimentarem suas fantasias
Como uma mistura de magia e utopia
E mesmo na realidade vivem a alegoria.

Mulheres que escrevem... Com pena de ouro
Verdadeiras tecelãs dos mais belos tesouros
Conseguem transformar na mais fina renda
O legado que aos seus passará como prenda

Mulheres que escrevem... Com autenticidade
O que lhes chega à inspiração... A Felicidade!
Transportam para o papel a responsabilidade
Que lhe impõem, mesmo com sua fragilidade.

Mulheres que escrevem... Com suas vidas
Através das inúmeras experiências vividas
Ainda que com todas as decepções sofridas
Transcendem o entendimento de suas lidas.

Mulheres que escrevem... Com as mãos
As mesmas mãos que afagam os irmãos
Que ora sofrem por viverem na solidão
Outras vezes, por faltar na mesa o pão.

http://www.ecosdapoesia.net/agoraeparasempre/mercedes/mulheres_que_escrevem.htm


Classificação na 3ª Edição do Concurso Literário Internacional MULHERES QUE ESCREVEM, Antologia MULHERES EM PROSA E VERSO nº 3, pela HOJE EDIÇÕES.
Casca/RS-Brasil.
ISBN 978-85-99301-08-1

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

EU QUIS


EU QUIS
Mercêdes Pordeus
Recife/Brasil

Eu quis lhe fazer um verso
Que não fosse complexo
Porém, que tivesse nexo.
E fosse acolhido com amplexo.

Eu quis lhe fazer uma poesia
Que não soasse como fantasia,
Que obedecesse a uma simetria
Culminando com bela harmonia.

Quis transformar a poesia em canção,
Pairando no ar, como uma oração.
Que lhe provocasse uma comoção
Despertando o amor em seu coração.

Eu quis ser aquele beija-flor,
Você o vê, bailando com fulgor?
Naquela varanda, vê aquela flor?
Recebe do sol a luz e o calor!

Eu queria ser semelhante a ela
Rodeada por aquele dançarino
Num jogo de sedução na janela.
Roubando-me o néctar, o pequenino.

Criei um verso,
Compus uma poesia,
Transformei-a em canção,
E conquistei o seu coração.

21/09/2006

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

AS DORES DA ESCRAVIDÃO



Mercêdes Pordeus
Recife/Brasil

Eles vieram de tão longe, traziam consigo o medo,
As incertezas eram suas companheiras desde cedo.
Traziam o sofrimento antecipado dos seus receios
E as dores dos açoites, que já sentiam nos navios.

Mal chegavam, já eram analisados como animais,
Vendidos como meras mercadorias, artigos banais.
Trabalhavam duro e sofriam o peso da escravidão,
A cada chicotada e a cada açoite, a dor da solidão.

A cada ano as esperanças da liberdade se dissipavam,
Os seus filhos nasciam e naquele regime continuavam.
Enquanto os mais velhos as dores do flagelo sofriam,
Os ecos da noite nos traziam os sons dos que gemiam.

Ao longe era refletida desses ecos a repercussão
E o reflexo do som trazia a forte dor da servidão.
Pelo negro, no nosso país, através da escravidão
De terras longínquas a saudade do seu natal torrão.

Mais navios negreiros que aportavam e a história se repetia
Movimentos no Brasil a escravidão, aos poucos, se extinguia.
Castro Alves o poeta abolicionista que os seus ideais escrevia,
Vozes da África, Navio Negreiro, Os Escravos, primeira poesia.

O poeta abolicionista marcou época com sua primeira poesia
Mais um nordestino que com força e garra, nascido na Bahia,
Seus estudos de Direito na Faculdade de Recife realizaria
E o seu grande apogeu no Rio de Janeiro, ele consolidaria.

Vinte anos se passaram após a morte do grande Poeta
Para se realizar seu almejado sonho, seu grito de alerta,
Decretada extinta a escravidão e o grande Brasil desperta
Na Lei Áurea está implícita a nobreza da alma do poeta.

26.12.2005

 

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

FOFOCA


FOFOCA
Mercêdes Pordeus
A fofoca é um mal que muitos males traz.
Uma vez espalhada, jamais ela volta atrás.
É preciso cuidado ter, para nela não se meter.
Cautela! para por causa dela não se arrepender.


16/06/05

terça-feira, 26 de junho de 2007

TRISTEZA


TRISTEZA
Mercêdes Pordeus

Tristeza, por que insites com tanta firmeza,
Cantarolando, zombando assim da fraqueza.
Dos que distante sofrem a dor da saudade
Dos que só partem porque têm necessidade.

De perto dos entes queridos e suas cidades.
Tristeza sabe és uma faca de dois gumes.
Que com o sofrimento ensina-nos a crescer
E é dessa forma que nos fazes reconhecer

Impele-nos então a uma mudança interior
Fornecendo um aprendizado de grande valor.
Quando a tristeza dá lugar à uma alegria
Quando dela reconhecemos o aprendizado

Aí ela deixa de ser simplesmente um fardo
A tristeza ensina-nos a valorizar o que temos
E também aquilo, que infelizmente perdemos.
Tristeza, pressão, depressão no mundo sofremos.

Ensina sempre a amarmos com nosso sofrimento
A ti, Senhor, protegei-os esta é minha súplica!
Ensina-me nas circunstâncias a te agradecer
Não deixeis Pai, nunca de nelas nos proteger.

Santa Elena de Uairén/ Venezuela
Em 19.02.2007

MEUS LIMITES


MEUS LIMITES
Mercêdes Pordeus
Recife/PE

Ultrapassei as fronteiras físicas
Transpus meus limites emocionais
Descobri a saudade além do físico
Deixando para trás terras nacionais.

Transpus meus limites emocionais
Sem pretender ver diferenças sociais
Em frente fui pisando o solo guiano
E só a saudade me acompanhando.

Descobri a saudade além do físico
Aos poucos no coração se alojando
E os meus pés naquela terra pisando
As características locais visualizando.

Deixando para trás terras nacionais
Ampliava conhecimentos interpessoais
Adaptando-me as diferenças ambientais
Foi assim que vivi as experiências locais.

Lethem/Guiana Inglesa
Em 18/02/2007


Lethem é a maior cidade do sul da Guiana, capital do estado de Upper Takutu-Upper Essequibo. Região de extrativismo mineral e vegetal. Sua população é estimada em cerca de 2.600 pessoas (2002). Um rodeio anual no fim de semana de páscoa é o principal acontecimento da localidade.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Lethem

domingo, 24 de junho de 2007

OLHANDO PARA DEUS


OLHANDO PARA DEUS
Mercêdes Pordeus
Recife/Brasil

Olhando para Deus perguntei: Deus, por quê no mundo tanta maldade?
Olhando para Deus perguntei: Deus, por quê permites tanta saudade?
Olhando para Deus perguntei: Deus, por quê perdemos a quem amamos?
Olhando para Deus perguntei: Deus, por quê tantas guerras pelo vil?
Olhando para Deus perguntei : Deus, por quê tantas atrocidades entre irmãos?

Olhando para mim, Deus respondeu : Filha, criei o mundo e nele coloquei o homem para ser meu mordomo na terra, a ele confiei a guarda da natureza. Mas o homem preferiu o mundo do pecado, começando pela desobediência e por matar seu próprio irmão.
Filha, não te atormentes, não se turbe o teu coração nem te atemorizes, a maldade sempre existirá, pois, ao homem , minha criatura, dei o livre arbítrio e ele preferiu a maldade, as guerras a mortandade. Mas, guarda teu coração de todo o mal e não te preocupes pelos que para junto de mim partiram. Eles estarão bem guardados. E eu perguntei : mas Deus e um dia nós nos enconteremos, verei minha avó, minhas mães e meu pai?
E Deus me disse: filha deixa os mistérios dos céus aos cuidados de teu PAI, cuida de viver na terra fazendo o bem a amando teus irmãos assim como eu te amo.
Mas, Deus, e eu ficarei ainda sem saber até quando a saudade vai me acompanhar?
Deus pôs sua mão por sobre minha cabeça e disse: FICA EM PAZ FILHA!

Em 07/11/04

NUDEZ DA ALMA




NUDEZ DA ALMA
Mercêdes Pordeus
Recife/Brasil

Hoje eu quis me desnudar,
Não uma nudez corpórea,
Mas a nudez da alma
Dos sentimentos a libertar.

Quis me libertar dos preceitos
E de todos os preconceitos,
Das ilusões e sonhos desfeitos,
Tornar a minha vida perfeita.

Eu me vi diante de uma fonte
Vestida de branco, nos movimentos, leveza,
Soltando os cabelos e nela submergindo
Despi-me e me banhei suavemente.

Banhei-me naquela água límpida e transparente,
Naquela transparência deixei meus lamentos,
Revivi meus sonhos, os mais lindos sonhos
Liberei afinal todos os meus tormentos.

E foi nesse contexto que deixei os dissabores,
Criei meu quadro, realidade dos sonhos,
E foi emergindo daquela fonte ladeada de flores
Que compreendi da vida os amores.

Neste ato de imersão e emersão
Compreendi, ser hoje o amor presente
Desprovido, despojando-me das ilusões
Dei-me mais uma chance, neste amor presente.

Vivendo este amor sem conceitos pré-estabelecidos
Fluindo naturalmente o sonho da felicidade
Essa sim, hoje é minha doce realidade
Por Deus, realização dos sonhos concebidos
2004
Publicado em:
OFICINA POESIA 20 ANOS, da Oficina Editores, Rio de Janeiro, Brasil (2005) ISBN 859828520-X.

OCEANO ATLÂNTICO

OCEANO ATLÂNTICO
Mercêdes Pordeus
Recife/Brasil


Separas os países, os continentes,
Beijas livremente margens a fora,
Águas límpidas, belos contrastes
E que segredos, meu maroto Atlântico!

De um belíssimo fascínio, és possuidor
Em separando, unes também os povos,
Fisicamente os separas e une-os em espírito
Grande a capacidade de unificar seus destinos.

Contemplando o horizonte eu vejo
Das tuas águas o faceiro balanço
Tão tranqüilo, que nem te apercebes
Quão tamanha é a tua importância.

És o segundo do mundo em superfície
Nem se quer te importas, tua simplicidade!
Só queres mesmo unir os povos, as nações!
Transformar os povos irmãos em destino.

Os ventos alísios sopram indo e vindo
Provocando em ti as correntes marinhas
Gerando, então, as correntes circulares.
Eis meu querido Grande Mar, a tua primazia.

Há séculos são constantes as buscas
Da travessia, quer por água ou pelo ar
Desde as caravelas vindas de Portugal
Conquistado pelo ar, argonautas ousados.

Vindos também do irmão Portugal
O Gago Coutinho e Sacadura Cabral
Primeira travessia do Atlântico Sul
Decolaram do Tejo, pilotos intrépidos.

Assim foste escrevendo tua história
O transatlântico de luxo, Graf Zepelim
Partia da Alemanha para o Brasil
Aí, Recife tem a sua importância.

Ainda conserva a Torre do Jiquiá
Hoje a única que no mundo restou
E que com seus dezenove metros
Abastecia o grande “peixe prateado”

E continuas a mover-te em teu leito
Leito onde descansas ora sim, ora não...
Oceanos Atlântico Sul e Atlântico Norte
Desenhando assim, uma linda ponte.

Embalas tuas águas como querendo
A alguém encantar, esse é teu desejo.
Atlântico Sul, oh! Meu Atlântico Sul
Preservas nas águas a condição azul.

abr/2006


http://ecosdapoesia.net/agoraeparasempre/mercedes/oceano_atlantico.htm

VIVE MANUEL BANDEIRA

VIVE MANUEL BANDEIRA
Mercêdes Pordeus
Recife/Brasil

Nasceu um menino na antiga Rua da Ventura
Hoje Joaquim Nabuco, da cidade hospitaleira
Recife, foi berço que embalou Manuel Bandeira
Rua da Aurora e Rua da União, cidade lampeira
Por ali, menino passeou, e fez suas brincadeiras.

Crescia o menino em Petrópolis, Rio de Janeiro
Mas não resiste e volta para seu Pernambuco
Manuel Bandeira estuda na Rua da Soledade
No então, Colégio das Irmãs Barros Barreto
E como semi interno, noutro na Rua da Matriz.

Bandeira com a família vai para São Paulo
Estuda, agora na Escola Politécnica, de dia
E á noite o poeta estuda no Liceu de Artes
Desenho e pintura, mas começa a trabalhar
Funcionário da Estrada de Ferro de Sorocaba.

Está tuberculoso, volta nosso poeta para o Rio
Depois vai à Europa, para fazer o tratamento
Retornou ao Rio, já iniciava a primeira guerra
Em seguida, publicou Bandeira o primeiro livro
Pelo mesmo custeado : A CINZA DAS HORAS.

E, no ano de mil novecentos e sessenta e oito
Aos treze de outubro, vai embora prá Pasárgada
Onde será amigo do rei, terá a mulher que quer
E a cama que escolherá, nosso poeta será feliz!
Grande Manuel Bandeira, lutou contra a doença.

E com ela, ele escreveu...escreveu...escreveu!
Enalteceu sua cidade natal, a Veneza Brasileira
Evocou o Recife, assim como ele era... o Recife!
Como era antigamente, toda criança a brincar
Porém, na sua querida cidade, viu seu avô morrer.

Recife, que preserva a memória de Bandeira
No Espaço Pasárgada, na sua Rua da Aurora.
Bandeira, que lá está e estará sempre presente
Mesmo aos cento e vinte anos depois, está lá...
O Poeta não morreu...nessa data ele nasceu.

19.04.2006

120 anos do nascimento do poeta

http://www.cultura.pe.gov.br/patrimonio1_pasargada.html

Foto da escultura de Manuel Bandeira, situada na Rua da Aurora em Recife/PE/Brasil, integrante do Circuito da Poesia do Recife.

AMOR ENTRE AS MARGENS DO ATLÂNTICO


AMOR ENTRE AS MARGENS DO ATLÂNTICO
Mercêdes Pordeus
Recife/Brasil

Separando a Europa e a África, das Américas
O Oceano Atlântico assume a forma de “S’”
A princípio, talvez para significar a SAUDADE
Uma saudade sentida, ainda que no plano virtual
Promoveu um encontro de dois seres em espírito.

Navegando por suas águas, éramos dois navios
Na busca transoceânica de interligar dois povos
Povos que aos poucos se tornariam mais que irmãos
A travessia do Atlântico, já lhes era imprescindível
Ultrapassar a distância era resultado dessa intenção.

No intento da força do amor, buscavam a união
No horizonte, tanto da margem esquerda como direita
Havia a sintonia e o desejo recíproco do encontro
E nas águas serenas vistas num belo contraste
A mistura das cores formando as lindas nuances.

Juntos, vencemos a dor da espera e da saudade
Como a confirmação de um carinho muito especial
E de um amor já tantas vezes por nós declarado
Hoje ainda contemplamos as águas do grande mar
Com harmonia daquelas águas que nos separavam.

Certeza...estivéssemos às margens do Atlântico
Oceanos Pacifico, Indico, Glacial Ártico ou Antártico
O nosso encontro ultramar seria coroado com amor
Independente do local onde nos encontrássemos
Nós seríamos e somos : dois povos e só destino.

Caruaru(PE) Brasil, 04.12.2005

NO DIA EM QUE O SONHO ACABOU


NO DIA EM QUE O SONHO ACABOU
Mercêdes Pordeus
Recife/Brasil

O mundo amanhece em festa
A humanidade feliz desperta
O sol penetra em cada fresta
De toda a janela entreaberta.

O trabalhador esperando um salário digno
O idoso sequioso de amor e carinho
A criança ansiosa sem perder a esperança
O ser humano buscando o seu caminho.

Na rua, quem saiu de casa esperançoso.
De voltar ao seio da família amoroso
Parou! Sofreu agressão e então choroso
Que dizer a mulher e filhos? Silencioso!

Quem sonhou andar livre pelas ruas
Dos seus mais lindos sonhos acordou
Sonhos se tornando grandes pesadelos
Pesadelos, para quem os acalentou.

O idoso saiu à rua e acordou!
O trabalhador saiu à rua e acordou!
A criança saiu à rua e acordou!
Da família o sonho desmoronou!

Sonho que se sonhou só
Não houve amor, virou pó!
Pesadelo na garganta deu nó
A palavra deu lugar ao silêncio...Só!

A noite chegou tão triste!
A humanidade não existe
De penetrar as frestas o sol desiste
A janela, em ficar fechada insiste.

20/09/2006
Mercêdes Pordeus
Recife/Brasil

O mundo amanhece em festa
A humanidade feliz desperta
O sol penetra em cada fresta
De toda a janela entreaberta.

O trabalhador esperando um salário digno
O idoso sequioso de amor e carinho
A criança ansiosa sem perder a esperança
O ser humano buscando o seu caminho.

Na rua, quem saiu de casa esperançoso.
De voltar ao seio da família amoroso
Parou! Sofreu agressão e então choroso
Que dizer a mulher e filhos? Silencioso!

Quem sonhou andar livre pelas ruas
Dos seus mais lindos sonhos acordou
Sonhos se tornando grandes pesadelos
Pesadelos, para quem os acalentou.

O idoso saiu à rua e acordou!
O trabalhador saiu à rua e acordou!
A criança saiu à rua e acordou!
Da família o sonho desmoronou!

Sonho que se sonhou só
Não houve amor, virou pó!
Pesadelo na garganta deu nó
A palavra deu lugar ao silêncio...Só!

A noite chegou tão triste!
A humanidade não existe
De penetrar as frestas o sol desiste
A janela, em ficar fechada insiste.

20/09/2006

Diploma MENÇÃO ESPECIAL
XVII Concurso Nacional de Poesia - " WERNER HORN "
ACADEMIA DE LETRAS E ARTES DE PARANAPUÃ (ALAP)
Período de Março a Outubro/2006

Um dia te conheci...Portugal!


Um dia te conheci...Portugal!
Mercêdes Pordeus
Recife/Brasil

Há quem te chame de pequenino...Portugal.
Percorri teus cantos, conheci teus recantos,
Por tuas ruas, cidades, freguesias eu andei
Então,eu me deslumbrei com teus encantos.

Em ti, literalmente, o amor descobri...Portugal.
Encontrei em ti, visualizei uma beleza sem igual
Dessas terras lusitanas, encontrei amor paternal
E mais uma vez, teus encantos me encantaram.

Em ti, divagando nas tuas ruas, encontrei a paz
Paz, que flui naturalmente de ti e que nos apraz.
Conhecer-te, foi como descobrir um belo reino
Um reino encantado, pré-moldado por um oleiro.

Terra de desbravadores, grandes empreendedores
De datas longínquas, a herança dos descobridores
Povo destemido, sua visão projetada para o futuro
Que ainda hoje com grande brio e fama conservas.

Lisboa, Algarve, Mafra, Santarém, Belmonte, Viseu.
Teus monumentos preservas como grandes tesouros
E com razão, pois para ti significam o mais puro ouro
Bem sabes de sua importância para tempo vindouro.

Infante D. Henrique, Vasco da Gama,Álvares Cabral
Naus lusitanas, caravelas tantos mares percorreram
Por mares nunca dantes navegados...disse Camões
Nos oceanos se lançaram, assim terras descobriram.

Sabes, Portugal...tens sob tua guarda grande riqueza
Adquiridas ao longo do tempo realizando tuas proezasI
ntrépidos descobridores, de tantas naturais belezas
Conservas no berço o sonho embalado sem incertezas.

Portugal, assim como o Brasil, sonhaste com a liberdade
Perseguiste-a com garra, e a demonstraste na tua altivez
Lutaste, povo bravio, e a conseguiste com tua intrepidez
Saíste de um regime salazarista, e a opressão se desfez.

Através dos fados, por escuras vielas, cantas tua história
Passei por tuas ruas e cidades, engraçado...hospedeiras
Tão hospitaleiras, que nem sequer me senti estrangeira
Pudera, és minha origem, querida terra lusíada e altaneira

MEU CORAÇÃO E MINHAS EMOÇÕES.




MEU CORAÇÃO E MINHAS EMOÇÕES.
Mercêdes Pordeus
Recife/Brasil

Meu coração, eu não te quero assim doente.
Desejo ter-te pulsando, mas pausadamente,
Em consonância com o meu corpo e mente,
Coração! Atendas meu apelo urgentemente.

Não te angusties com os males do mundo.
Eles só te causarão um desgosto profundo,
Aquieta-te meu coração, mesmo indolente.
E pulsa, esses males independem da gente.

Se os males do mundo só nos causam a fobia,
Mesmo assim, alegra-te, esquece a melancolia.
Sabes coração, sei sou culpada pela tua fobia,
Afinal, deveria transmitir-te só mesmo alegria.

Insensato coração? Não és insensato não!
Talvez a insensatez seja minha, meu coração.
Que te deixo sofrer com as minhas emoções,
És sensato, trabalhas com minhas informações.

Mas, agora façamos um pacto meu coração!
Desde já eu só transmitirei alegres emoções,
Emoções que te dêem felicidade e comoção.
Vou transmiti-las através minhas sensações.

Quando eu vir uma criança sorrir, dir-te-ei.
Quando eu vir uma flor se abrir, dir-te-ei.
Quando eu vir a natureza alegre, dir-te-ei.
Quando eu vir um ato de bondade, orarei.

Hoje é um dia especial, marcas dentro de ti,
Estou tão feliz! Sim, por mim e também por ti.
Entramos em sintonia, entoemos uma canção,
Será uma canção de vitória e união...Coração!

OUT/06
Coletânea do I Concurso de Poesia do Centro de Estudos e Aperfeiçoamento - Hospital dos Servidores do Estado/MS (CEA HSE MS 2006)
Edição Junho 2007
Organizadora : Juçara R. V. Valverde
Prêmio Germana Figueiredo

sexta-feira, 5 de janeiro de 2007

UMA REFLEXÃO DE INÍCIO DE ANO


UMA REFLEXÃO DE INÍCIO DE ANO
Mercêdes Pordeus


A BANDA

E para o meu desencanto o que era doce acabou,
tudo tomou seu lugar depois que a banda passou.
E cada qual no seu canto em cada canto uma dor
Depois da banda passar cantando coisas de amor.

Chico Buarque de Holanda


E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José ?
e agora, você ?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama protesta,
e agora, José ?

Poema de Carlos Drummond de Andrade


E agora? Hoje, décimo dia do ano de 2006.
Passaram as festas Natalinas, as saudações de ano novo, já não se compram mais presentes.
E agora? Onde está o verdadeiro espírito de Natal, o sentimento do advento de Cristo?
Será que após passado esse período, continuamos os mesmos, saudando nossos irmãos, doando brinquedos às crianças carentes e doentes terminais, cestas básicas aos que têm fome?
Será que passamos por nossos semelhantes saudando-os com um bom dia, desejando que as bênçãos dos céus caiam sobre seus lares.
São tantas as indagações de um tempo não tão distante, mas que ficou para trás.
E as guerras, a maldade humana, os homicídios, os estupros, assaltos? Será que esse estado de coisas mudou?
E os hospitais, principalmente os públicos que ao passar na frente deles aperta-nos o coração imaginar que ali centenas ou mesmo, milhares de pessoas sofrem, além do sofrimento o descaso e desrespeito com suas dores!
E agora? Para onde caminha a humanidade? Será que aqueles propósitos de solidariedade, darmos as mãos em prol dos necessitados, continuam de pé, ou foram apenas ensaios da época de Natal.
Será que deixamos mesmo que Cristo fizesse morada em nossos corações, ou até para Ele viramos nossos rostos como o fizeram
à época do seu nascimento, aqueles seus contemporâneos? Ou ainda pior, será que o rejeitamos, expulsamos de nossas moradas.
Desabrochou 2006, tão lindo, tão esperado, tão pequenino que o colocamos em nossos regaços, demos-lhe guarida, e vamos acompanhar seu crescimento. Ele vai aprender conosco sim, a cada dia tanto o bem quanto o mal que fizermos.
Será que passados mais trezentos e sessenta e cinco dias da despedida de 2005, ele irá carregando o peso do sofrimento, a tristeza de ter abrigado a maldade, ou será que dará lugar a um 2007, partindo com alegria, sabendo que o homem cresceu, aprendeu, aceitou a presente do Verdadeiro Aniversariante em seu coração.
Será que ele se despedirá passando a coroa para 2007 reinar em PAZ, com amor, concórdia, sem guerras?
Utopia?
Não sei, o tempo dirá!

FELIZ 2006 a todos.
Mercêdes Pordeus

CRÔNICA DE NATAL




CRÔNICA DE NATAL
Mercêdes Pordeus



Enquanto passeamos conversamos sobre o que oferecer aos nossos amigos neste Natal.
Imaginamos presentes materiais, poderia até ser um perfume, um CD, ou quem sabe algo bem maior e mais valioso do ponto de vista do comércio, do mercado consumista.
Hum!... pensando bem até que os agradaria se assim o fizéssemos; mas, pensando melhor, não. Tudo isso é efêmero tem uma durabilidade limitada, e depois? Depois nada ficaria para que lembrassem de nós durante o transcurso dos anos seguintes.
Chegamos então a uma conclusão: porquê lhes oferecer o que eles já possuem? Com a nossa amizade, assim ela ficará fortalecida no dia-a-dia!
Que essa amizade e carinho sejam como tijolo numa construção alicerçada em bases sólidas. E que a substância cimentante a uni-los seja o carinho e a disponibilidade de ouvir atentamente a outros quando estes estão à espera, apenas, de uma palavra amiga.
Que possamos sempre lembrar que o Natal, não é uma festa nossa, mas sim o aniversário mor, marco da Cristandade, aniversário este sim, de Jesus Cristo
Voltemos nosso olhar em Sua direção contemplemos e em uníssono proclamemos:
"Glória a Deus nas alturas e paz na terra entre os homens"
Vamos refletir nisso não como meros espectadores mas que possamos nos colocar no contexto do nascimento de Cristo, direcionando nossos olhos e nosso coração a Ele.
O que queremos oferecer aos nossos amigos é nossa amizade, nossos corações abertos, receptivos a todos, nosso carinho e, agradecer-lhes por este ano que estiveram ao nosso lado torcendo por nós; aos que foram chegando depois... a todos sem exceção, nosso afeto e que Deus faça em cada um renascer o Natal de paz, saúde e prosperidade em suas vidas.
"Não temais, aqui vos trago as boas novas de grande alegria, que será para todo o povo: é que hoje, vos nasceu na cidade de Davi o Salvador que é Cristo Jesus, o Senhor. E isto vos servirão de sinal: encontrareis uma criança envolta em faixas e deitado sobre uma manjedoura!"

Recife, 18 de Dezembro de 2003

quarta-feira, 3 de janeiro de 2007

DÊ PASSAGEM A SABEDORIA

DÊ PASSAGEM A SABEDORIA
Mercêdes Pordeus
Recife/Brasil

Às vezes existem situações que nos incomodam. Ficamos a observar os acontecimentos e analisar como mudou a sociedade, a inversão de valores.
Digo isto porque gosto sempre de observar determinadas situações que acontecem nos coletivos, descasos nos hospitais, como outras incontáveis.
Este prólogo, faz-me reportar ao último dia vinte e sete de setembro, o consagrado DIA DO ANCIÃO, DIA DO IDOSO.
Neste dia foi realizada a Campanha : DÊ PASSAGEM A SABEDORIA, eram as faixas que líamos na frente dos transportes coletivos da cidade.
Ao entrar um senhor já com seus mais de setenta anos, cedi-lhe o lugar, ele me pediu a bolsa para segurar e começou então a conversar. Este senhor tinha vindo às cinco da manhã para uma consulta que tinha sido marcada para o dia vinte e seis, portanto, dia anterior. Naquele dia e mesma hora saíra de casa sozinho, não tinha companhia. E chegando ao hospital público a atendente lhe dissera que sua consulta teria sido marcada para o dia seguinte. Voltou o velhinho para casa e retornou no Dia do Ancião, e num descaso, a enfermeira falou que a consulta dele tinha passado, tinha sido no dia anterior. E remarcou para o dia trinta.
Custa a acreditar que ainda hoje haja tanto descaso e desrespeito pelo idoso.
Perguntei-lhe então: - E o senhor ficou calado, não disse nada? Ele me respondeu com uma indagação : - Dizer o que minha filha? Disse para ele tomar consciência dos seus direitos e procurar um superior naquele hospital.
Este pobre senhor descrevia sua arte de fazer cortinas artesanais e tentar ensinar aos jovens da Comunidade.
Nesse intento pediu ajuda a um político para quem já trabalhara como cabo eleitoral durante quatro eleições. Tudo que ele queria era levantar as peredes e cobrir, pois o terreno já tinha conseguido...esforço em vão.
Tenho observado também jovens que assentam nas cadeiras do ônibus reservados aos idosos e fingem dormir, enquanto eles entram e ficam de pé.
Situações comportamentais como estas e outras em que os idosos são desrespeitados tornaram-se uma constante, e é muito triste presenciarmos.
Pessoas que já contribuiram para o bem comum social, trabalharam e no final da vida não possuem um teto para morar, uma assistência hospitalar digna, sem subsídios para adquirir medicamentos, na época em que mais se faz necessário, pois é quando necessariamente precisam de medicamentos de uso contínuo. Não tem sequer o que comer.
E eu me pergunto o que será dos idosos do futuro?

Deixo como reflexão este poema:

HOJE SOU IDOSO, MAS TAMBÉM JÁ FUI JOVEM.

Dê passagem a experiência...
Sinta como pode enriquecer seu viver.
Evite, de como nós, no seu futuro sofrer.
O peso das dores que já sentimos por você.

Dê passagem a sabedoria...
Sabedoria duramente adquirida ao longo da vida.
Lembra das experiências?
Elas nos fizeram saber, saber de que nada daquilo queríamos para você.

Você nos olha e não nos vê?
Não vê nossas rugas? Cada uma é uma resposta.
Resposta refletida pela gama daquelas experiências.
Faça que olha!Não finja que não nos está percebendo.

Você é jovem, não usufrua dos direitos dos idosos.
Não finja dormir, enquanto estou de pé ao seu lado.
Não vê as legendas, assentos pereferencias para idosos?
Não sabe que existem assentos especiais para nós?

Lembre-se que você pode ser um de nós amanhã...
Depois, com o avançar da idade poderá entender,
que não queríamos que as marcas do tempo em seu rosto,
fossem tão profundas, como as que nos nossos carregamos.

Por que a sociedade, as autoridades sempre nos esquecem?
Deixam-nos jogados ao léu, em filas e corredores dos hospitais.
Nós também contribuimos para o desenvolvimento da sociedade.
Se trabalhamos na cidade ou no campo, que diferença pode fazer?

Não é a própria sociedade que grita ser todo trabalho valoroso?
Se trabalhamos nos campos colocamos o pão na mesa dos seus pais.
Nem por isso, nosso labutar deixou de ser menos dignificante.
Cultivamos e aramos a terra com tanto carinho que tudo floresceu.

Dê passagem a quem lhe pede carinho...
Seja seu avô, seu pai, quaisquer idosos, mesmo um mendigo,que precisa de pão...
mas tem uma necessidade muito maior de um afago,
uma palavra, uma atitude de carinho e de amor.

Lembre-se : no futuro vai colher aquilo que você semeou.
Desejamos que seja feliz e receba de nossas mãos um legado,
a experiência, resultado de muito sofrimento, muitas dores,
pelas quais você não precisa passar, fale conosco e aprenderá.

Mercêdes Pordeus
Em 24.out.2005