sábado, 21 de julho de 2018

SERTÃO: TERRA E POESIA
Mercêdes Pordeus

Os sertões são ricos, mas tão abandonados!
Esquecidos pelas autoridades... Desprezados!
Povo forte que responde com garra ao sofrimento
Que lhes é imputado, porém a ele não são indolentes.

Algumas vezes são obrigados a abandonar o  torrão
Deixam a família o que é seu por direito... Legado
Os anos passam... Mas o sofrimento é o seu condão
A união, o amor permanece... Esperança do abnegado!

Contemplam a imagem do sertão na seca e choram
Contudo, vislumbram após a chuva o renascer da flora
Sorriem, porque é este o verde pelo qual se revigoram.
 Trazendo a alegria de criar, o desejo de produzir aflora.

Dos sertões brasileiros, poderia sair o sustento
Pois lhes é atribuído o futuro do qual a amplitude
Deveria ser medida pelo apoio que requer atitude
Só sabe quem traz nas veias e no sangue a inquietude.

Um bravo povo tem a terra e a poesia como herança
Grita sertão paraibano, mas grita alto, clama não segreda
Que com esse teu grito ecoe da tua ânsia a lembrança
Para o teu desejo que em busca de vida digna envereda.

Que o seu grito ultrapasse as fronteiras estaduais
Para que possas vive e ocupar dignamente teu espaço
Espaço que Deus concedeu para que fôssemos iguais
Que o eco ressoe levando consigo do teu amor o pedaço.

Augusto dos Anjos elevou a sua terra
Unindo os sertanejos através da poesia
Galgou espaços que culminaram nas serras
Unificou a fama do sertanejo com maestria
Serpentinando no solo seco com força voraz
Tornou-se ícone muito além do espaço geográfico
Ostentou varonil o amor que no peito o poeta encerra.

Durante a seca ou tempo chuvoso
O sertanejo paraibano porta-se como brio
Sempre enaltecendo seu torrão garboso

Arraigado em mim também trago o seu sangue
Nas minhas veias corre o sangue do paraibano
Justificado com orgulho por um sertanejo de Sousa
O seu brado vai além da voz... Através do seu legado
Sertão de um povo forte carregado de bons sentimentos.

XVI FESERP - Festival Sertanejo de Poesia - Aparecida/PB
5ª Colocação

O SERTÃO NO CORAÇÃO

Mercêdes Pordeus
Recife - Brasil

Conhecer o sertão é um caso de admiração!
Fala-se em seca, escassez, desertificação.
O sertanejo abandona seu querido torrão
Para as cidades sem vontade faz a migração
No solo escasso, só as palmas e mandacarus.

Prevalecem, insistindo em vencer o ônus.
E o luar dourado sem perceber a situação
Continua lá no céu assistindo o sertanejo
Levando consigo a família, às vezes um cão.
Fala-se sobre, do São Francisco a transposição.

Quem sabe um dia aquela família num lampejo
Volte para suas terras para cumprir seu desejo
Pisar uma terra sem as rachaduras num festejo
Contemplar ao longe uma verde vegetação
Mas, não só dos cactos rever a floração.

Enfim, o velho Chico há de lhe trazer.
O prazer do luar do seu sertão reviver
E desta vez há de receber também o bônus
Quem disse que o sertão não é lindo de viver?