sábado, 31 de janeiro de 2015

Mercedes Pordeus Recife / PE Do outro lado do espelho Em frente ao espelho, refletindo minha imagem, tive a percepção daquela superfície plana. Fazia-me refletir sobre o curso de minha vida, pois, ali naquele momento surgia uma incógnita: Materializava-se minha vivência como flash. Ação! Iniciava um filme e com ele o meu retorno à infância. Saudosa infância! Eu estava na máquina do tempo e queria voltar àquela casa junto aos meus pais, meus sete irmãos e minha avó... E então atravessei o espelho. De repente, senti-me Alice no País das Maravilhas, como se transportada pela leveza dos sonhos. À minha mente vieram as imagens da infância aurora da vida que o tempo já não traz! Nossa caminhada diária, crescendo em união, nosso pai a trabalhar, e nossa mãe na lida do cotidiano. Galguei mais um degrau e cheguei ao colégio, à igreja, minha primeira professora, das mãos da qual eu fugia e era uma fuga diária, eu corria com tamanha rapidez que antes de minha mãe eu sempre chegava a casa, tirando-lhe dos seus afazeres sem querer eu estava. E os Natais? As festas juninas... Quantas saudades! Porém, naquele momento eu me sentia muito feliz, afinal, atravessei o espelho, e estava do outro lado. Dava asas aos meus devaneios e o sonho embalava. Revivi as brincadeiras da época, o colégio de freiras. A certa altura, já não podia continuar a minha viagem, tinha que voltar, não podia prosseguir como a Alice. Daquela terra distante retornei, pois tinha mesmo que voltar! Atravessei de novo o espelho retornando à realidade. Mas, sonhar alivia a alma, as ausências, a ansiedade. O retorno não me privou de render o meu tributo àqueles aos quais amei e partiram, porém, sempre os amarei e aos que comigo continuam, mas se enquadram naquele quadro do passado que jamais esquecerei. Novos amores eu conquistei e sou feliz com os que amo. Novamente, em frente ao espelho. - Perguntei-lhe: - Você se permitiu ser atravessado? - Foi realidade ou foi um sonho? E ele sem pensar duas vezes: - E mesmo que tenha sido um sonho, que mal há? - Você se permitiu essa liberdade... É o que importa. Permaneceu na minha mente uma incógnita para a qual não encontrei a resposta. Mas para que respostas se eu fui feliz? Na minha linda viagem ao meu passado eu fui criança... Senti-me criança de novo!

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