sexta-feira, 5 de janeiro de 2007

UMA REFLEXÃO DE INÍCIO DE ANO


UMA REFLEXÃO DE INÍCIO DE ANO
Mercêdes Pordeus


A BANDA

E para o meu desencanto o que era doce acabou,
tudo tomou seu lugar depois que a banda passou.
E cada qual no seu canto em cada canto uma dor
Depois da banda passar cantando coisas de amor.

Chico Buarque de Holanda


E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José ?
e agora, você ?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama protesta,
e agora, José ?

Poema de Carlos Drummond de Andrade


E agora? Hoje, décimo dia do ano de 2006.
Passaram as festas Natalinas, as saudações de ano novo, já não se compram mais presentes.
E agora? Onde está o verdadeiro espírito de Natal, o sentimento do advento de Cristo?
Será que após passado esse período, continuamos os mesmos, saudando nossos irmãos, doando brinquedos às crianças carentes e doentes terminais, cestas básicas aos que têm fome?
Será que passamos por nossos semelhantes saudando-os com um bom dia, desejando que as bênçãos dos céus caiam sobre seus lares.
São tantas as indagações de um tempo não tão distante, mas que ficou para trás.
E as guerras, a maldade humana, os homicídios, os estupros, assaltos? Será que esse estado de coisas mudou?
E os hospitais, principalmente os públicos que ao passar na frente deles aperta-nos o coração imaginar que ali centenas ou mesmo, milhares de pessoas sofrem, além do sofrimento o descaso e desrespeito com suas dores!
E agora? Para onde caminha a humanidade? Será que aqueles propósitos de solidariedade, darmos as mãos em prol dos necessitados, continuam de pé, ou foram apenas ensaios da época de Natal.
Será que deixamos mesmo que Cristo fizesse morada em nossos corações, ou até para Ele viramos nossos rostos como o fizeram
à época do seu nascimento, aqueles seus contemporâneos? Ou ainda pior, será que o rejeitamos, expulsamos de nossas moradas.
Desabrochou 2006, tão lindo, tão esperado, tão pequenino que o colocamos em nossos regaços, demos-lhe guarida, e vamos acompanhar seu crescimento. Ele vai aprender conosco sim, a cada dia tanto o bem quanto o mal que fizermos.
Será que passados mais trezentos e sessenta e cinco dias da despedida de 2005, ele irá carregando o peso do sofrimento, a tristeza de ter abrigado a maldade, ou será que dará lugar a um 2007, partindo com alegria, sabendo que o homem cresceu, aprendeu, aceitou a presente do Verdadeiro Aniversariante em seu coração.
Será que ele se despedirá passando a coroa para 2007 reinar em PAZ, com amor, concórdia, sem guerras?
Utopia?
Não sei, o tempo dirá!

FELIZ 2006 a todos.
Mercêdes Pordeus

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